Abre-se empresa em 15 minutos, quase todos os serviços públicos são online

Abrir empresa em 15 minutos, realidade bem diferente do Brasil, estamos longe de chegarmos neste patamar. Todo processo burocrático no Brasil, favorece corrupção de agentes públicos.
No país, voto é online e abre-se empresa em 15 minutos; RG com chip dá acesso a 500 serviços
A menor das três repúblicas bálticas, a Estônia é hoje considerada um dos grandes laboratórios do mundo em matéria de digitalização e transparência de dados. Lá, apenas três serviços ligados ao governo ainda demandam a presença física de seus cidadãos. Casamentos, divórcios e transferências de titularidade de um imóvel ainda requerem uma testemunha juramentada. Todo o resto pode ser feito pela internet, incluindo criar uma conta em banco, abrir uma empresa ou até mesmo escolher representantes políticos.
Dos 1,3 milhão de estonianos, 99% possuem uma espécie de RG digital, um documento com um chip que lhes garante acesso a mais 500 serviços do governo, incluindo acesso ao sistema de saúde e ao transporte público.
Primeiro a vantagem. O sistema, de fato, torna todos os processos públicos muito mais rápidos. Na Estônia, é possível abrir uma empresa em impressionantes 15 minutos. Uma conta em banco leva um pouco mais de tempo: 24 horas. Sem contar o acesso ao amplo sistema de benefícios estatais. A saúde é pública, o transporte é grátis e, com o documento digital, o governo subsidia até a compra de medicamentos na farmácia – o benefício pode chegar a 50%.
Agora, a desvantagem. Todas as vezes que um cidadão estoniano saca seu RG digital para um serviço, ele registra a movimentação na rede estatal, que passa a ter a posse da informação, podendo inclusive negociá-la com as empresas. (O governo cede, por exemplo, os dados de deslocamento à empresa que opera o sistema de transporte). Além disso, em tese, qualquer cidadão pode consultar os dados de outro estoniano, mediante solicitação prévia e intermediação do governo. O Estado acompanhou a consulta no perfil do primeiro ministro da Estônia, Jüri Ratas. Viu seus três imóveis, onde estão e quanto custam. “Está tudo aqui, é só consultar”, afirma a funcionária do governo digital da Estônia, Harle Pihlak.
Assunto polêmico? Não para os locais. “Eu não me preocupo com isso. Os dados estão seguros com o governo e a rede de proteção é ampla”, afirma o empresário Matthias Markus.
“Aqui é assim: os estonianos não se preocupam. Já os estrangeiros ficam ressabiados com tanta exposição”, afirma o cientista de computação paulistano Edilson Osorio, que mora há dois anos em Tallinn. Ele é o fundador da startup OriginalMy, que usa blockchain para a verificação de documentos online. Criada em 2015 no Brasil, a empresa se mudou para Tallinn para participar do programa de aceleração Startup Estonia.
Ex-presidente da Estônia, Toomas Hendrik Ilves diz que a digitalização não é mesmo um problema local. “Ela tornou os estonianos mais felizes”, diz. Segundo ele, além do bem-estar, o país também economizou com a medida. Com o uso massivo dos serviços digitais, o Estado poupa por ano cerca de 2% do PIB – que, em 2018, foi de US$ 26 bilhões, segundo dados do Banco Mundial.
O modelo atual do governo digital é de 2016. Mas o governo vem coletando os dados e organizando o banco de dados há 20 anos, desde que organizou a legislação para entrar no mundo digital – como aconteceu com o Brasil e todo o resto do mundo. Mas o que eles fizeram, e nenhum outro país acompanhou, foi dar ao RG digital o mesmo peso que o RG físico em uma lei dos anos 2000. “Isso atraiu investidores”, conta Harle Pihlak.
O sistema estoniano tem código aberto (pode ser conferido por qualquer pessoa), não proprietário (ou seja, não é de nenhuma empresa) e é descentralizado. Se uma empresa criar um novo serviço, pode acoplá-lo a essa infraestrutura, que tem um backup no principado de Liechtenstein, pequeno território de 160 quilômetros quadrados entre a Áustria e a Suíça. A segurança é um sistema de checagem dupla. O usuário coloca seu número de seguro social no site e precisa confirmar em um celular. “É totalmente seguro, nunca fomos hackeados”, diz a funcionária do governo. “E me arrisco a dizer que jamais seremos.”

Fonte: (aqui)

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