O acúmulo de cargos nos Conselhos de Administração da BRF e do Pão de
Açúcar pelo empresário Abílio Diniz pode suscitar conflitos de
interesse, mas não tem impedimento legal ou em regulamento da
BM&FBovespa. O diretor de Regulação da BM&FBovespa [1], Carlos
Rebello, diz que as duas empresas têm relacionamento comercial e
interesses potencialmente antagônicos. Mas lembra que Diniz pode se
abster de decisões que envolvam os dois grupos.
A indicação do empresário para a presidência do conselho da BRF e a
intenção dele em permanecer no board da varejista têm causado polêmica e
foram contestadas pelo Casino, novo controlador do Pão de Açúcar. A
rede é um dos maiores clientes da BRF. De acordo com Rebello, não há no
regulamento [2] dos distintos níveis de governança corporativa da Bolsa
norma sobre o caso.
"É uma questão de lei, não de regulamento. Por lei, se houver conflito,
isso deve ser levantado", disse o diretor da BM&FBovespa, que
participou nesta quarta-feira, no Rio, do Seminário Orientações da CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) para Companhias Abertas. Os casos em
que o conflito se materializa podem acabar na CVM. O superintendente de
Relações com Empresas da autarquia, Fernando Soares Vieira, que também
participou do evento, afirmou que a Lei das Sociedades Anônimas (S.A.s)
regula essa hipótese. No entanto, não é possível avaliar uma situação em
tese, mas apenas o caso concreto levado à CVM. O conflito de interesses
veda ao administrador intervir em qualquer operação social em que tiver
interesse conflitante com o da companhia e está previsto no artigo 126
da Lei das S.A.s.
Acúmulo de cargos por Diniz é legal, diz BM&FBovespa - 21 de Março de 2013 - MARIANA DURÃO - Agencia Estado
[1] Apesar da força do cargo, pareceu que é uma opinião pessoal, não um anúncio oficial da bolsa.
[2] Não seria o caso de fazer uma jurisprudência sobre o assunto?
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