Depois de admitir uma inconsistência contábil de R$ 20 bilhões em seu balanço e alarmar o mercado financeiro todo, a Americanas pediu uma ajudinha para a Justiça — ou tutela cautelar de urgência no juridiquês.
- A medida é uma forma de evitar bloqueio de contas, penhora de bens e impedir a antecipação do vencimento de compromissos que a empresa já tinha antes de toda essa zebra.
Como assim? Além dos R$ 20 bilhões que estavam ocultos das planilhas, expostos pelo ex-presidente da Americanas, Sergio Rial, a empresa já devia quase que outros 20 bi, totalizando, agora, uma dívida bruta de ~R$ 40 bilhões.
O Tribunal concedeu o pedido da empresa, e estabeleceu um prazo de 30 dias para que seja apresentado um pedido de recuperação judicial, que é um meio comum utilizado por empresas para evitar que sejam levadas à falência.
Por que é importante entender?
A gigante do varejo é uma das maiores empregadoras do Brasil, com quase 50 mil funcionários espelhados pelo país, além de deter cerca de 2% de todo o crédito brasileiro em bancos.
O “efeito Americanas” é tão grande na Bolsa, que derrubou ações de outras empresas do varejo e de alguns bancos, já que as instituições financeiras têm relação direta com financiamento para o setor de varejo — no lado dos clientes e das companhias.
Acionistas de referência da Americanas, incluindo Jorge Paulo Lemman, estão propondo uma injeção de capital de R$ 6 bilhões, mas isso ainda seria insuficiente para acabar com o estrago, segundo os envolvidos.
Uma polêmica no meio do caminho
No segundo semestre de 2022, antes das “inconsistências” serem informados pela nova gestão, diretores da companhia venderam mais de R$ 210 milhões em ações da empresa. Para alguns, esse pode ser um sinal de que a diretoria sabia do problema.
Já existe um pedido na Câmara para abertura de uma CPI investigativa de todo o caso, que irá precisar da assinatura de 1/3 dos deputados. Essa história ainda terá muitos capítulos…