Segundo cálculos do Deutsche Bank, o BB - o mais exposto à dívida da companhia - pode ter um impacto negativo de 35% nos ganhos se tiver que provisionar os empréstimos concedidos à operadora
Por Paula Barra
Detentores de títulos de dívida da Oi (OIBR3; OIBR4) estão se preparando para o pior após
inesperada renúncia do presidente Bayard Gontijo em momento crucial da empresa. Isso porque a saída
inesperada do CEO põe em risco o processo de reestruturação financeira da companhia e deixa a operadora
cada vez mais perto de ser obrigada a pedir recuperação judicial, o que travaria essas negociações.
Nas mãos dos principais bancos listados na BM&FBovespa - Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco
(ITUB4) e Bradesco (BBDC4) - uma bomba de R$ 8 bilhões pode estar prestes a explodir, segundo dados
da Bloomberg.
Entre eles, o mais exposto seria o BB à dívida da empresa, com R$ 4 bilhões (0,6% dos empréstimos do
banco e 4,8% do seu capital). Na sequência, aparecem o Itaú Unibanco, com R$ 2,5 bilhões (0,6% de seu
crédito e 2,3% do capital), e Bradesco, com R$ 1,5 bilhão (0,4% do crédito e 1,6% do capital).
Adicionalmente, a companhia ainda tem R$ 7 bilhões com BNDES e R$ 2,5 bilhões com a Caixa
Econômica Federal.
Segundo cálculos do Deutsche Bank, no pior cenário (o que os bancos teriam que provisionar sua exposição
à Oi), o analista Tito Labarta estima um risco negativo de 5% nos ganhos antes de impostos do Bradesco; 8%
para Itaú Unibanco; e 35% para o Banco do Brasil. No entanto, ele comenta que Bradesco e Itaú poderiam
compensar o impacto da Oi com o excesso de reservas de mais de R$ 6 bilhões e R$ 10 bilhões, respectivamente.
Já o BB , com excesso de reservas de R$ 1,2 bilhão, só poderia fornecer cobertura parcial para a Oi.
O analista do banco ressalta, no entanto, que é importante observar que pode haver um novo processo de
reestruturação com o novo CEO e os bancos ainda teriam prioridade sobre os detentores de obrigações. Ainda
assim, ele reforça visão cautelosa para os bancos, apesar dos desenvolvimentos políticos potencialmente positivos
no Brasil.
Exposição dos bancos ao setor de telecom
Na mesma linha do Deutsche, analistas do Credit Suisse estimaram a exposição de cada banco ao setor de
telecomunicação - nesse caso, não somente à Oi. Pelos cálculos dos analistas do Credit, os bancos Itaú, BB e
Bradesco teriam uma exposição total de R$ 17,5 bilhões, considerando dívidas, debêntures e garantias de crédito ao
setor.
Para o Credit, os bancos ainda não provisionaram essa exposição (falando em específico sobre Oi) e isso é mais um
risco para as expectativas das provisões. Os analistas mantêm visão cautelosa para o setor financeiro, com
recomendação underperform (desempenho abaixo da média) para Itaú, Bradesco e BB. A exposição de cada um
deles pode ser vista na tabela abaixo:
A dura realidade da Oi
A saída de Gontijo é o mais recente golpe dos últimos anos para a empresa carregada de dívidas. Segundo
Adeodato Volpi Netto, head de mercados de capitais da Eleven Financial, a sobreposição dos interesses dos
acionistas controladores frente à companhia pode levar a Oi a um beco sem saída. "Isso tem mais cara que acabe na
Corte, com uma recuperação judicial travando as negociações da companhia com os credores. E os bancos terão
que reconhecer que não conseguirão, muito provavelmente, receber esse montante e provisionar esses valores. É
ruim para todo mundo", disse.
Gontijo, de 44 anos, que liderava a companhia havia menos de dois anos, anunciou sua renúncia na sexta-
feira. A decisão agrega mais incerteza à empresa com sede no Rio de Janeiro, que tenta emergir de uma
dívida de quase R$ 50 bilhões (US$ 14,4 bilhões). A operadora não explicou o motivo da saída. Gontijo será
substituído pelo diretor administrativo financeiro, Marco Schroeder, 51. A empresa informou que Schroeder
acumulará as duas funções.
A companhia permitir que Gontijo que estava devolvendo credibilidade, que estava conseguindo dar
oxigênio para a Oi, sair em um momento em que ela já está asfixiada é um suicídio administrativo, disse
Adeodato. "Se não rolar a dívida, a operação trava. Eles não têm nenhuma condição de gerar caixa suficiente para
fazer frente ao serviço da dívida dentro dos prazos que eles têm”, disse Adeodato. “Todos os credores, sem
exceção, sabiam que o Bayard estava endereçando de forma dura o que tinha que ser endereçado. E esse cara
renuncia”.
Fonte : (clique aqui)
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